O Encontro Consigo Próprio



Todo aquele que conheço é o meu mestre

“ Descobri que esta é uma verdade absoluta.
Tenho algo a aprender com cada pessoa que conheço.
-       Consegue lembrar-se de uma única pessoa que conheça com a qual não tenha nada a aprender?
Nas minhas relações com os outros este ponto de vista básico é libertador.
Eu tenho algo a aprender de cada encontro com outra pessoa!
Com esta atitude, cada encontro se torna mais apaziguante e gratificante para ambos.
Experimente dizer de vez em quando, em voz baixa este pensamento:
Tenho algo a aprender de cada encontro com outra pessoa.”

(Retirado do livro: “Os encontros não são casuais” - Kay Pollak)

Quais as implicações de o terapeuta oferecer-se como pessoa?


Implica que o terapeuta tenha que se confrontar com as suas questões pessoais que não quer encarar, e que lhe vão sendo trazidas pelo cliente. Há um confronto constante com as suas fragilidades, não lhe sendo possível a evitação. O instrumento terapêutico passa a ser o Self do terapeuta, utilizando-se a expressão “ O curador ferido” de Hyckner.

O primeiro objectivo é a construção da “relação de confiança” com o cliente, sendo para tal necessário “confirmá-lo” e “aceitá-lo” na sua realidade existencial. O que o cliente necessita é de restaurar as feridas do desamor.

É numa relação de confiança que o individuo se revela, ou seja tem a possibilidade de exprimir livremente sentimentos e emoções, vivenciar a aceitação e confirmação por parte do outro, despertando a esperança adormecida, abrindo as portas da criatividade e, recriando a vida.

Martin Buber, 1923 “ Toda a vida é Encontro. Eu só existo na medida que digo Tu ao Outro aceitando a sua alteridade, com a totalidade do meu ser, e por ele sou aceite.”

A Intervenção Psicoterapêutica


A intervenção nas psicoterapias breves desenrola-se face-a-face e a psicoterapia é limitada no tempo. Este quadro cria uma dinâmica relacional específica e acentua as trocas afectivas.
Os conteúdos aproximam-se mais da realidade e menos da dimensão imaginária: isto pode ser vivido pelo paciente como mais estruturante e contentor.

O que é a Relação Terapêutica?




Para facilitar o estabelecimento da relação terapêutica, o psicólogo oferece disponibilidade total para que a pessoa possa falar abertamente dos seus problemas, daquilo que a angústia, gera dúvidas ou inquieta. Por vezes, é natural que ao falar de si mesmo sinta algum desconforto e ansiedade, mas o psicólogo respeitará o seu ritmo próprio para expor os seus pensamentos e sentimentos. Com o passar do tempo e com a regularidade das sessões, esta ansiedade começa a esbater-se, dando lugar ao crescimento da confiança, respeito mútuo e aumento de uma relação positiva.

Como lidar com as Birras ...



É PRECISO TEMPO. A CRIANÇA PRECISA DESTE CONFRONTO COM O ADULTO PARA:
a) Aprender os seus limites;
b) Lidar com a frustração de não ter tudo o que quer. Estas experiências serão muito importantes para o seu desenvolvimento.


FAZER A SELECÇÃO DAS BIRRAS:
A criança deve poder “ganhar” em pequenas coisas:
- A vontade legítima também pode ser satisfeita.
- No entanto, deve ser contrariada em tudo o que:
a) Represente perigo – ex. andar de carro fora da cadeirinha, mexer na gaveta dos talheres, etc.
b) A prejudique – ex. deitar-se tarde, comer muitos doces, usar sandálias no inverno, etc.
c) A faça sentir que manda nos pais – ex. dar pontapés na mãe durante a birra, obrigar o pai a dar o telemóvel, exigir brinquedos, etc.


NÃO ENTRAR EM GRANDES EXPLICAÇÕES MORAIS, NEM APELAR AOS SENTIMENTOS DA CRIANÇA:
Por exemplo:
“Não podes fazer isso porque...”
“Olha que a mãe fica triste e chora”
Esta atitude só enerva mais a criança, uma vez que já está exaltada e dá-lhe mais espaço para armar a birra.


ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO: NÃO USAR PERSONAGENS PARA PUNIR A CRIANÇA:
Por exemplo:
a) A ameaça com personagens (televisão) agressivas ou figuras reais punitivas desautoriza os pais.
b) Assim a criança sente que os pais não têm capacidade para a conter. Vai continuar a explorar limites.


EVITAR CONTRADIÇÕES ENTRE O QUE É DITO PELOS PAIS:
a) Os pais devem manter regras.
b) O que é autorizado e o que não o é deve ser conhecido por todos na educação da criança.
c) A mínima contradição cria espaço para o não cumprimento.


NUNCA CEDER A MEIO DE UMA BIRRA:
a) Se já foi estabelecido pelos pais que determinado comportamento não é aceitável (perigoso, prejudicial, autoritário), então devem conter a Birra até ao fim sem ceder.
b) Todavia, não confundir cumprir regras com estarmos zangados ou até com não gostarmos da criança.


ACEITAR O CHORO DA CRIANÇA:
a) Demonstrar à criança que pode chorar (até faz bem), queixar-se e tentar consolar-se no seu colo ou com algum objecto de conforto.
b) Se aceitarmos o choro como normal e natural, a criança não se vai sentir um empecilho. E não tem que se comportar como tal. Vai sentir que tem valor, porque gostam dela.


VALORIZAR O FIM DA BIRRA:
a) Depois de os ânimos acalmarem, a criança deve ser valorizada por ter conseguido acalmar-se sem o seu desejo (exigência ilegítima) ter sido realizado.
b) Não o fazer é equivalente a transmitir que se está zangado e que já não se gosta da criança.

Soluction Focus Theraphy | Terapia Breve Centralizada na Solução



Nasce assim o modelo de terapia breve centrada na solução (S.F.T.)
Em 1985 Steve de Shazer utiliza uma analogia para caracterizar o método - A CHAVE MESTRA, que não necessita de conhecer a natureza das fechaduras para abrir as porta; o que é na realidade importante é que a chave abra a porta. Também na perspectiva deste autor, o terapeuta não necessita saber muito da natureza dos problemas trazidos para a terapia para que o paciente consiga resolvê-los.

Actualmente
Utilizam-se os sistemas de crenças dos pacientes mas dá-se-lhes um novo ponto de referência dentro desses sistemas. Aqui não existe lugar para diagnóstico certo ou errado e/ou para teoria certa ou errada.
Valoriza-se o que funciona ou o que é útil em casos específicos, havendo sempre a preocupação de mobilizar as potencialidades e capacidades do paciente (deixar a preocupação antiga – das fraquezas, das fragilidades).

A Intervenção Terapêutica
A tarefa do terapeuta será identificar e utilizar uma forma de cooperação. Uma vez identificado o estilo específico de cooperação de cada paciente, o terapeuta adopta uma resposta paralela. Esta abordagem reconhece o indivíduo com todas as suas potencialidades, como autor da sua própria vida tanto na criação das suas dificuldades como na redescoberta ou recriação da sua vida dentro da sua própria realidade existencial (também aqui o terapeuta tem o papel de criar o contexto para a mudança).

O que é, é.


A realidade não é como me conviria a mim que fosse.
Não é como deveria ser.
Não é como me disseram que ia ser
Não é como foi.
Não é como será amanhã.
A realidade fora de mim é como é.

A mudança só poderá produzir-se quando estivermos consciente da situação presente.
Só posso iniciar o meu caminho desde o meu ponto de partida e isso é aceitar que as coisas são como são.

Este pensamento foi retirado do livro "Contos para pensar", de Jorge Bucay.

"Os contos servem para adormecer as crianças e para despertar os adultos", Bucay, J. (2004).